
A gravidez na adolescência continua a ser um dos maiores desafios para a saúde pública no Brasil. Para marcar a Semana Nacional de Prevenção da Gravidez na Adolescência, o COSEMS/RS traz à tona uma pauta importante que exige reflexão e ação dos gestores de saúde, com foco na qualificação do cuidado para adolescentes e em medidas que possam contribuir para a redução das taxas de gestação não planejada entre jovens.
Determinantes da gravidez na adolescência
Segundo o UNFPA (Fundo de População das Nações Unidas), a gravidez na adolescência está diretamente relacionada a diversas situações de vulnerabilidade vividas por meninas, meninos e população LGBTQIA +, . Entre os principais determinantes, destacam-se:
O início cada vez mais precoce das relações sexuais e da menarca (primeira menstruação);
A baixa taxa de uso de contraceptivos modernos entre os adolescentes;
Casos de violência sexual e uniões precoces;
A falta de acesso a uma educação de qualidade, bem como à educação integral em sexualidade;
Atraso e deserção escolar, fatores que muitas vezes agravam a situação da adolescente e a colocam em situações de risco;
Relações de gênero desiguais, que podem contribuir para uma dinâmica que perpetua as desigualdades e limitações.
Contexto de emergência climática - estratégias para prevenção da gravidez não intencional na adolescência
Em contextos de emergência, como as recentes enchentes no Rio Grande do Sul, a vulnerabilidade dos adolescentes aumenta consideravelmente. Isso torna a implementação de estratégias de educação em saúde e o acesso a serviços de saúde ainda mais essenciais para garantir proteção e assistência adequadas, especialmente para os adolescentes que já se encontram em situação de vulnerabilidade social.
Uma dessas ações foi o Projeto Púrpura, uma iniciativa do UNFPA, em parceria com o COSEMS/RS, que atendeu 173 meninas e membros da população LGBTQIA+, de 13 a 19 anos, nos municípios de Porto Alegre, Canoas, São Leopoldo e Guaíba. Esses atendimentos representaram 13,65% dos serviços prestados em direitos sexuais e reprodutivos para adolescentes.
O projeto também desenvolveu ações extramuros, como atividades educativas nas escolas, no âmbito do Programa Saúde nas Escolas (PSE). Através dessas iniciativas, foi possível levar informação e cuidado de forma acessível à comunidade, colaborando diretamente na mitigação dos impactos da gravidez na adolescência e garantindo direitos sexuais e reprodutivos para adolescentes em situações de risco.
O papel das políticas públicas
O COSEMS/RS reforça a importância de fortalecer políticas públicas que garantam os direitos sexuais e reprodutivos de meninas e meninos. Para isso, é fundamental promover a democratização do conhecimento e o acesso a informações essenciais sobre sexualidade e contracepção. A sensibilização e mobilização da população, aliadas a programas de educação permanente nos serviços de saúde, são ações imprescindíveis para garantir um cuidado de saúde adequado e humanizado.
Além disso, a implementação de políticas públicas intersetoriais, que integrem saúde, educação, assistência social e direitos humanos, é essencial para proporcionar uma resposta integrada e centrada no cuidado, especialmente nas regiões mais vulneráveis.
Conclusão
A prevenção da gravidez na adolescência demanda uma ação conjunta e integrada entre gestores públicos e a comunidade. Por meio de estratégias de educação em saúde, ações de sensibilização e garantia de direitos, podemos trabalhar para reduzir as taxas de gravidez não intencional entre adolescentes.
O COSEMS/RS segue engajado na promoção dessas políticas e ações, com o compromisso de garantir o acesso à informação, saúde sexual e reprodutiva para os adolescentes do Rio Grande do Sul.
Comments