O encontro reuniu mais de 350 secretários municipais de Saúde, gestores e equipes técnicas da Saúde para entender quais serão as ações de enfrentamento da epidemia em 2024 no estado, que já confirmou 4.469 casos de dengue.
Na quinta-feira (15), o COSEMS/RS promoveu – em parceria com a Secretaria Estadual de Saúde (SES) e o Centro Estadual de Vigilância em Saúde (CEVS/RS) – a webconferência "Estratégias para o Enfrentamento da Epidemia de Dengue no RS". O encontro reuniu mais de 350 secretários municipais de Saúde, gestores e equipes técnicas da área.
A reunião tratou de estratégias oferecidas pela SES para ações de combate à doença nos municípios gaúchos. Nesse sentido, o presidente do COSEMS/RS, Guilherme Ribas, chamou a atenção para os cenários enfrentados pelas cidades de pequeno porte, que possuem poucos habitantes, mas já registram altos índices de casos.
“Estamos preocupados com o problema da dengue nos municípios do estado. Queremos trabalhar com o apoio das informações e orientações para nossos gestores”, ressalta Ribas.
Diante desse contexto, a secretária estadual adjunta da Saúde, Ana Costa, ressaltou que o desafio do enfrentamento à dengue deve ser assumido por diferentes áreas, não apenas pela Saúde.
“Me assusta pensar que os casos que temos até agora, possivelmente, poderiam ter sido evitados. Pois, procuraram diversas vezes nossos serviços de saúde e não tivemos olhos para ver”, reflete Costa.
Cenário epidemiológico do RS
Foto: Reprodução.
Desde o início de 2024, o Rio Grande do Sul vem enfrentando uma epidemia de dengue. Até o momento da publicação desta matéria, foram confirmados 4.469 novos casos e três mortes. Conforme os dados da SES, a macrorregião Norte possui a maior incidência da doença no estado, com 2.047 casos confirmados.
“A situação em que estamos tem o potencial de ser uma das piores epidemias de dengue da nossa história recente”, destaca o médico infectologista e representante o Conselho Estadual de Medicina do Rio Grande do Sul (Cremers), Paulo Ernesto Gewehr Filho, que trouxe informações sobre os cuidados com a dengue e o início do tratamento mais precoce possível.
O cálculo da taxa de incidência de dengue nos municípios é feito a partir das notificações. No Painel de Casos de Dengue RS, a SES utiliza como base a estimativa populacional de 2020 do Instituto Brasileiro de Geografia (IBGE).
Foto: Painel de Casos de Dengue RS
Na webconferência, Ribas trouxe a situação do município de Tenente Portela, que possui pouco mais de 14 mil habitantes e que já contabiliza 1.176 contaminados pelo Aedes aegypti, o que representa pouco mais de 30% dos 3.840 casos já confirmados no RS.
O secretário executivo do COSEMS/RS, Diego Espíndola, também reforçou a importância de se atentar às estratégias oferecidas pela SES, que devem ir além da vacinação. Atualmente, o RS não possui vacinas disponíveis contra a dengue, tanto na rede pública quanto na privada.
Ferramentas de apoio
Dentre as estratégias apresentadas para o enfrentamento da epidemia no estado, o diretor adjunto do Cevs, Marcelo Vallandro, trouxe diversas ferramentas de apoio aos gestores municipais, disponíveis online no site da SES.
Os recursos são painéis de esplanamento de dados sobre a dengue, representando diversos ângulos do problema. Por exemplo, ambientais de municípios com infestação e de monitoramento de criadouros, atualização diária de casos, óbitos e tipo de vírus circulante.
Foto: Painel de Levantamento Rápido de Índices para Aedes aegypti.
Um dos objetivos dessas ferramentas é auxiliar na tomada de decisão pelos gestores, para que possam fazer movimentos eficazes contra a doença. “É fundamental fazermos uma ampla divulgação, para que os municípios, a população e os profissionais estejam atentos e percebam a importância na tomada de ações”, explica Vallandro.
Além do acesso aos “dashboards” de monitoramento, a diretora do Departamento de Atenção Primária e Políticas de Saúde da SES, Tatiane Pires Bernardes, trouxe uma série de orientações para as gestões presentes e as equipes de saúde dos municípios. Bernardes ainda frisou a importância dos materiais de apoio, disponibilizados pela SES no site da Atenção Básica de Saúde e a capacitação dos profissionais de saúde.
A reunião trouxe esclarecimentos aos gestores e secretários. Ao final da webconferência, Ribas trouxe ainda o apelo à SES pelos teleatendimentos, semelhantes aos que foram realizados em 2021, durante a Covid-19. Pois, como destacou o presidente do COSEMS/RS, os municípios menores não possuem estrutura o suficiente para atuarem em uma possível piora no número de casos de dengue.
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